SAMUEL RAMA NA 111

SAMUEL RAMA NA 111

Samuel Rama expõe Acreção da Galeria 111.

Sob o título ACREÇÃO, Samuel Rama apresenta na Galeria 111 – Lisboa um conjunto de obras sobre tela, fotografias/desenhos e objectos tridimensionais, entre 16 de Setembro e 6 de Novembro.

Acreção pode ser definido como o processo pelo qual as dimensões de algo aumentam devido à adição de partes menores do mesmo material com que é feito. Este termo tem sido particularmente usado na ciência, nomeadamente na geologia, como o aumento progressivo da massa tectónica que terá originado a formação do planeta terra.

Nas seis telas monocromáticas, intituladas As Cores da Teoria, a aproximação à definição de acreção será mais evidente. Estas obras são o resultado da acumulação ao longo de 10 anos de pó das diferentes rochas de que são feitas e que lhe dão a sua distinta cor. Esta performatividade, para além de acelerar o processo natural, torna-se prova de um acontecimento temporal na medida que se torna um vestígio encenado do lugar de onde a rocha proveio.

Sob o título genérico Pressão são apresentadas “desenhos fotogénicos”, realizados por uma técnica complexa desenvolvida pelo artista. Estas imagens, construídas com elementos fotográficos e com elementos desenhados, questionam o visível e a representação do lugar da paisagem. Será entre o reconhecimento destas aparições que o artista intervém na possibilidade de uma acção premeditada sobre a paisagem, em que a transforma no aparecimento de um signo abstracta sobre a mesma.

A exposição é pontuada espacialmente por um conjunto de 12 objectos tridimensionais em grafite que remetem, por um lado devido à sua forma esférica, para as manchas das fotografias/desenhos e, por outro lado, ecoam a definição geológica de acreção. Estes pontos de foco situam o espectador no espaço expositivo permitindo que este jogo construa um desenho inexistente.

Em suma, o trabalho de Samuel Rama resgata algumas preocupações do conceptualismo e da land art dos anos 70. Contudo, ao interferir mecânica e industrialmente nos materiais naturais, a sua postura denota um questionar mais profundo, sensorial e intenso sobre as necessidades e capacidades humanas.