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Sobre os Maus Hábitos
Novo lugar antropológico
Quando é que um...
  As cidades revelam-se mais nos seus interstícios do que nas suas fachadas. Os governantes têm, assim, duas hipóteses de fazerem política: Ou se preocupam com a cidade visível, aquela que podem propagandear como resultado das suas acções; ou intervêm na sua (re)construção, através da cidade invisível, base fundamental do desenvolvimento sustentado.

O mito desenvolvimentista da modernidade acreditava na indústria pesada como factor de progresso. Hoje, ultrapassada essa heróica aventura, acreditamos nas indústrias criativas como o verdadeiro motor do desenvolvimento das cidades, do seu tecido social e da sua malha urbana.

O que procuramos como o lugar de (re)encontro não é a praça monumental construída pelo “príncipe” com a ajuda dos arquitectos de serviço e dos grandes planos de urbanismo duvidoso mas o lugar de todas as transversalidades. O que se nos depara diariamente é uma representação da cidade que oscila entre o modelo da Babilónia ou da Disneylândia. O que explica a ansiedade da procura-do-lugar é a ilegibilidade da cidade contemporânea e das suas representações e o consequente enfraquecimento das suas novas
formas urbanas e desvirtuamento das relações sociais. É a descontinuidade e a fragmentação que devemos opor à superficialidade, à uniformização, à massificação e à neutralidade pois estas prevalecem sobre a individualidade. Tal como Marco Polo, procuramos um retorno aos primeiros arquétipos da memória pela imagem de ausência das cidades. À realidade-real devemos opor a realidade-imaginada.

Os MAUS-HÁBITOS têm contribuído para que nos tornemos viajantes imaginários que falam dessas
cidades impossíveis pela persistência e pela resistência à desertificação do centro histórico do Porto. É pedra fundamental na renovação urbana pois gera novas singularidades que contribuem decisivamente para a elaboração de uma nova arquitectura de territórios, pelo que tem sido o elemento fundamental de sedimentação da cidade. Na Baixa, desenvolvem-se agora limites sem fronteiras simbólicas pois permitem a aglomeração de diversos grupos sociais com as suas mútuas relações e géneros distintos, gerando um cenário
formado por uma ilimitada cumplicidade de pequenas e grandes singularidades, “formando um verdadeiro lugar antropológico”.

Os MAUS HÁBITOS representam o modelo que queremos ver implantado como o motor da renovação que urge apoiar sob pena de, amanhã, nos revermos como os responsáveis pela eventual perda de memória.

Luís Serpa
 

 


 
 
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