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A Carta-convite
No princípio
Dez lápis...
Regulamento
  Escusado repetirmos aqui a lenda grega que nos relata o princípio do desenho.

Princípio, no sentido de começo de uma prática que os clássicos têm como base de todas as artes; princípio também, no sentido de solução técnica (o traço), de orientação ética (a fidelidade ao modelo), de justificação emotiva (a preservação ou construção da memória).

Se jogarmos com as palavras, tal como os desenhos jogam com o real, traço também pode ser risco; e risco é, então, afrontamento de um perigo, solução de novidade. desenho, buscado na raiz latina, significa aquilo que é marcado ou assinalado, ou seja, guardado ou revelado, reproduzido ou inventado, é expressão de uma vontade de consolidar, inventar ou desmontar o real. já por via grega, graphien faz coincidir os actos de desenhar e escrever (grafar), outro modo de exercermos e registarmos o nosso desígnio sobre o mundo.

Fidelidade e risco, memória e invenção, escrita e vontade são pares intermutáveis com que devemos lidar na nossa abordagem ao desenho.

Tudo isso podemos perceber nos primeiros 10 artistas convidados a darem início à corrente de 100 artistas deste projecto. depois, participando num jogo de alto risco, cada um dos novos convocados ignora o conteúdo da mensagem recebida do estafeta anterior fazendo tudo de novo, transformando cada nova imagem numa
primeira imagem. assim se quebra o conceito popular de “corrente” ou “cadeia”, que obriga à simples cópia dos textos das cartas “votivas” que, desde há décadas supersticiosamente se reenviam pelo mundo inteiro; assim se põe em causa o conceito erudito do arriscado jogo de continuidades que é o cadavre exquis.

Na necessariamente injusta selecção dos primeiros artistas o uso do lápis por Cabrita Reis como instrumento de registo de uma escrita, grafando a legenda de uma imagem que não provém de um desenho mas de uma foto, abre todas as possibilidades para o que, depois, os restantes 99 artistas nos oferecem. desde logo, temos a provocação dos suportes (Joana Vasconcelos e Cabrita Reis) e a reafirmação do estilo (Álvaro Siza, Julião Sarmento, Manuel Graça Dias, Paula Rêgo ou Rui Chafes); o uso caricatural (António Antunes), ilustrativo (Manuel Graça Dias) ou decorativo (Joana Vasconcelos) do desenho; a figura (Miguel Vieira), a sua transfiguração (Álvaro Siza), a sua negação (Baltazar Torres), o seu massacre (Paula Rêgo e Rui Chafes) a sua reinvenção (Julião Sarmento)...

Estes primeiros 10 exemplos dificilmente poderiam esgotar os modos atribuíveis ao desenho; mas os 100 artistas finais dificilmente deixarão de fora o que de mais significativo se passa no momento português em que se insere a iniciativa.

João Pinharanda
 

 


 
 
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